segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Apenas uma reflexão sobre uma coragem desajeitada.

Não se pode dizer que ela não tinha coragem. Mesmo que fosse uma coragem torta e inadequada. Coragem que não brotava quando devia, mas vinha com toda força quando era melhor que ficasse escondida. Sim, era uma coragem, por certo, suicida. Que ao invés de a libertar, a empurrava mais ainda pro seu mundo de medos e fantasias. Mas ainda assim podemos chamá-la de corajosa. Pois ela agia, nas piores horas e das piores formas, mas agia. Não por um ato de bravura, mas para livrar-se do que carregava. Havia alguma covardia em sua coragem. Pois irrompia por não aguentar mais o fardo, as palavras guardadas, o sentimento sufocado. Esconder se tornava tão insuportável que de repente explodia em uma ação irrefletida, e logo em seguida tinha vontade de correr para longe do que fez. Paradoxalmente, conviviam medo e coragem, alivio e remorso, esperança e descrença. Mas quem disse que coragem é sempre valentia destemida? Quem disse que cada palavra no mundo tem uma única possibilidade de sentido? Pois sua coragem desastrada e cheia de temor também é potência e força de transformação. E eu digo, ela é mais corajosa do que medrosa, pois sua coragem, além de tudo, precisa de uma força descomunal para lutar a cada dia contra o medo que tenta devorá-la.


Um comentário:

  1. Sempre haverá dualidades no ser humano. Estamos sempre em guerra e somos forçados a lutar.

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